. Entrevista ao Prof. Dr. M...
Trips à Moda do Porto no dia 11 de Março de 2008, foi entrevistar uma coordenadora da Fundação de Serralves Elisabete Alves e a Prof. Elvira Leite, que estabelece uma certa ponte entre a escola e a cultura. Nesta entrevista falamos sobre o trabalho e a organização dos serviços da Fundação.
Trips à moda do Porto: O que é a Fundação de Serralves?
Elisabete Alves: A Fundação é uma propriedade com 18 hectares, composta por um museu, uma casa, e ao fundo da propriedade existe uma quinta. Entre estes espaços encontramos variadíssimos jardins. Hoje a Fundação é um espaço aberto ao público, mas começou por ser um espaço familiar e privado, aliás a casa é da década de 30, tendo sido o Conde de Vizela o seu originário proprietário. Isto em 89, entretanto, construi-se a Fundação e em 99 inaugurou-se o museu.
O museu é de arte contemporânea que alberga exposições temporárias, embora o museu de Serralves tenha uma colecção de arte, optou por não a exibir de forma permanente, exibindo a sua colecção só duas vezes por ano, para que possa acolher obras e artista internacionais e nacionais, dando assim, ao público que nos visita um espectro muito mais alargado, de linguagem e referencias neste domínio, organizando de três em três meses, três a quatro exposições de diversos artistas.
Além do museu e da casa, a Fundação também tem uma zona rural, que é a quinta, oferecendo ao visitante espaços com características completamente diferentes, e desenhos de jardins diferentes. Basicamente é isto o património de Serralves.
Trips à moda do Porto: Em que se baseiam os programas da Fundação? E quais são?
Elisabete Alves: (…)Em termos de programas educativos, oferecemos visitas guiadas com a duração de 1 hora, que propõem um percurso pelas exposições, pelas descobertas das obras e dos artistas. O monitor o que faz é, englobar os participantes num diálogo, em que todos partilham uma descoberta, porque a arte é uma descoberta, não há verdades absolutas. Depois temos visitas ao parque e aos espaços arquitectónicos, porque a Fundação é muito rica, desde o museu, construído pelo arquitecto Álvaro Siza, até à casa.
Por outro lado temos as visitas ao parque no ponto de vista da arquitectura paisagista, biodiversidade, meio ambiente…
(…)
Temos um projecto com escolas que no fundo envolve alunos e professores, que se inscrevem em vários momentos do ano lectivo e que termina, normalmente, com a inauguração de uma exposição com trabalhos de alunos, aqui no museu. Depois temos programas para outros públicos, quer nas pausas escolares para crianças, quer aos fins-de-semana para crianças, jovens e para famílias. Temos também alguns públicos especiais, como o Serralves para todos, que é uma programação anual que oferece actividades a públicos portadores de deficiências como jovens e adultos, porque normalmente as crianças com que trabalhamos chegam-nos integradas nas turmas das escolas. Mas depois a partir de uma certa idade torna-se difícil para estas pessoas encontrarem nas instituições culturais, uma oferta suficientemente flexível para que elas se possam integrar. Portanto nós pensamos nisso, tentamos ir a esse encontro, tendo programas que se adaptar e proporcionem boas vivencias a estas pessoas com estas particularidades. Para além destes programas educativos temos alguns momentos de celebração, como Festa do Ambiente, Serralves em Festa, festival de artes que se passa aqui em Junho as 40 horas Non Stop com tudo gratuito.
Trips à moda do Porto: A nível escolar como são organizadas as actividades com pessoas portadoras de deficiência?
Elisabete Alves: Nós habitualmente recebemos crianças que vêm integradas nas turmas mistas, e nós temos actividades pensadas para fazer com estas turmas mistas em que conseguimos trabalhar com as crianças com deficiências e com as sem deficiências, em que trabalhamos em conjuntos independentemente das nossas diferencias. Depois temos um segundo caso que são mais jovens e adultos, e aqui entra o projecto que lançamos Serralves para todos, o que nos fizemos foi criar um programa de actividades em oferta todo o ano gratuito, pois temos um uma financia, e estas actividades são desenhadas de modo flexível, e quando as instituições vêm com este grupo, ou as associações de pais que são quem nos trazem estes grupos, e estamos a falar de grupos com três, seis elementos, falam connosco para marcar, há alguém do outro lado que fala connosco, que sabe as particularidades daquele grupo, particularidades que vão desde quanto tempo faz sentido uma actividade, porque as pessoas ficam cansadas, coisas básicas como cadeiras de rodas, acessibilidades, mas muito complexas depois dessas, que se discutem com os técnicos delas. O que pretendemos fazer é partir de um modelo flexível e ajustamos, pré-ajustamos nesta conversa prévia para quando recebermos o grupo de facto a vivencia desse grupo seja mais rica e adaptado aquele grupo. (…)
Trips à moda do Porto: Quanto ao trabalho com as escolas, gostaríamos de saber alguns exemplos de actividade.
Elisabete Alves: Com as escolas nós estamos a fazer uma coisa que tem estado a correr bem. Temos estado a desenvolver uma serie de programas. Primeiro nesta versão contínua, os professores tentam trazer os alunos pelo menos uma vez por período lectivo, e isso já nos permite fazer um trabalho muito mais profundo do que só numa visita. Depois tentamos articular o trabalho com os conteúdos do Ministério da Educação, significa que, se estão em físico-química a trabalhar as propriedades da água, aqui vamos mostrar para que é que isso serve. Vamos analisar a qualidade água do lago ou do tanque. Cria-se uma ponte entre a Fundação e a escola, que completa o trabalho desenvolvido.
O Prof. Dr. Mário Rui Silva é docente na Faculdade de Economia do Porto e vogal da comissão directiva do Programa Operacional da Região Norte. Esta entrevista vem no sentido de conhecer as necessidades de requalificação da cidade do Porto e os objectivos já alcançados.
Questão: Quais são os principais desafios de requalificação da cidade do Porto?
Prof. Dr. Mário Rui Silva: A cidade do Porto é o núcleo central da Área Metropolitana do Porto, e tem uma área de influência em que num raio de 60km em torno da cidade vive um terço da população portuguesa. No entanto, a cidade do Porto tem vários desafios de requalificação, dos quais se destacam a requalificação do património, a requalificação funcional e a requalificação residencial.
Q.: Como se deve processar essa requalificação, e quais são os maiores constrangimentos à sua viabilização?
Prof. Dr. Mário Rui Silva: A requalificação do património construído é uma necessidade de resposta a um problema que afecta toda a cidade, mas tem particular expressão no burgo medieval. A grande dificuldade de requalificação reside da ausência de um verdadeiro mercado de arrendamento que permita a renovação das habitações.
No que respeita à requalificação funcional, enquanto núcleo central de uma zona de aglomeração de actividades industriais, a cidade tem um défice de funções terciárias avançadas, nomeadamente as funções que asseguram a internacionalização activa da região, daí que seja necessária a requalificação deste sector.
Em termos de requalificação residencial, o principal problema que se põe é a acentuada suburbanização dos concelhos em torno da cidade do Porto, verificada nas últimas duas décadas, e, ao mesmo tempo, a perda da população da cidade. Este fenómeno é agravado com o crescente dualismo que se verifica na população residente na cidade do Porto, uma oposição entre zonas degradadas com população pobre e pouco qualificada (zona histórica e bairros camarários), e zonas com população de elevados recursos e um valor fundiário especulativo (Boavista, Foz, ...). A classe média reside cada vez mais nos concelhos limítrofes, embora em grande parte trabalhe na cidade do Porto, correspondendo isto ao já referido fenómeno de suburbanização. Assim, a requalificação residencial exigiria uma estrutura social mais compósita.
Q.: Em que aspectos é que já se conseguiu, na cidade do Porto, uma requalificação com resultados positivos?
Prof. Dr. Mário Rui Silva: Do ponto de vista das acessibilidades, da mobilidade e da conectividade internacional já a situação é mais favorável, como resultado dos elevados investimentos públicos das últimas duas décadas.
No que respeita às acessibilidades, a cidade do Porto e a zona metropolitana encontram-se perfeitamente conectadas com as grandes vias da rede viária portuguesa, ibérica e europeia, verificando-se a existência de uma malha de vias principais (IP e IC) com uma densidade acima do que se verifica na Europa.
No que toca à mobilidade, a modernização da rede de transportes suburbanos, nomeadamente os transportes ferroviários e, sobretudo, a rede do Metro do Porto melhoraram significativamente a mobilidade na Área Metropolitana do Porto, embora ainda seja necessário prosseguir esse esforço.
Quanto à conectividade internacional, a expansão e modernização do Aeroporto Internacional Francisco Sá Carneiro, bem como o recente aumento do número de operadores e de voos – resultante do início da operação das chamadas companhias low cost - vieram melhorar significativamente a conectividade da cidade.